terça-feira, 6 de setembro de 2011
Estante de Jogos
terça-feira, 24 de novembro de 2009
De volta
A noite estava escura
A noite estava escura. O vento gelado fustigava o rosto de Timo Cruz. O rapaz estava a espera de uma encomenda, em pé em uma esquina. Ele podia ouvir o som das sirenes rugindo à distância. Estariam atrás dele? Teriam pegado seu primo? Não sabia. Não tinha como saber. Só o que ele podia fazer era continuar ali em pé, esperando.
A cidade era outra durante a noite. Toda uma laia de seres estranhos e suspeitos saía às ruas e dominava os bares e clubes. Ele era um desses seres, um desses animais notívagos sedentos por uma nova dose. Não. Ele era um desses animais fornecedores de doses: ele era um provedor. Pessoas dos mais variados tipos vinham procurá-lo, pessoas necessitadas. E ele as ajudava. No final das contas, ele fazia um favor à sociedade. Não sem uma pequena contribuição, é lógico. As pessoas precisavam entender que nada é de graça, e que muitas vezes se paga com o próprio sangue. Timo Cruz sabia muito bem disso. Ele já presenciara alguns desses pagamentos. Terríveis, terríveis! Só de pensar no estampido do revólver e na massa vermelha nojenta que se espalha pelo chão logo após Timo Cruz tremia. Ele apalpou disfarçadamente a arma que trazia presa na calça. Sentiu o metal frio e imaginou aquele frio tocando sua nuca. Tremeu de novo. Decidiu pensar em outras coisas.
Foi então que Timo Cruz viu pela janela de um barzinho seus antigos amigos do time de basquete. Eles estavam festejando, juntos, felizes, alegres, a mesma turma de quando ele ainda fazia parte do time. Como ele queria voltar ao time! Seria tão bom estar novamente com seus amigos, jogar em campeonatos, ganhar uns troféus, fazer sucesso com as garotas... mas isso era passado. Depois de se desentender com o treinador novo, jamais ele poderia retornar. Aquele treinador era um carrasco imbecil. Não, Timo Cruz não se submeteria àquilo. Ele era melhor que aquilo. Ele já sabia se cuidar, já ganhava sua própria grana e já empunhava sua própria arma. Timo Cruz era um homem, ele não precisava estar em nenhum time de basquete de merda. No entanto, ao ver seus amigos se divertindo, o rapaz sentiu um nó na garganta. Ele sentia saudade. Ele sentia que daria tudo, sua grana, sua arma, inclusive sua virilidade, para estar de volta àquele grupo. O mundo é um lugar perigoso e no time Timo Cruz encontraria segurança. Talvez encontrasse inclusive um futuro. Se ao menos o treinador novo não fosse tão rigoroso... talvez lhe desse uma nova chance para voltar ao time! Mas isso era impossível. Depois da briga e da cena que fizera no ginásio jamais ele seria readmitido. O novo treinador não queria saber de perdedores. E Timo Cruz era um perdedor. O rapaz abaixou a cabeça, triste. Sabia que seu futuro era sombrio e que talvez nem houvesse futuro para ele, sabia que talvez dali a cinco minutos seria baleado pela gangue rival, sabia que a qualquer momento poderia se tornar uma réles gosma vermelha e nojenta no asfalto sujo da cidade.
O seu primo estava atrasado. Será que algo teria acontecido? Só o que Timo Cruz queria era atenção e incentivo. Será que a polícia o tería encontrado? Timo Cruz só precisava de alguém que acreditasse em seu potencial. Será que a gangue rival o teria matado? Mas que potencial? Timo Cruz não tinha potencial. Ele era apenas um bandidinho de bosta. Que potencial poderia ter? Seu primo estava atrasado e começando a preocupá-lo. Mas ainda assim... se alguém, se qualquer um o fizesse enxergar o quão longe ele poderia ir, o quão perto estavam seus sonhos de se realizarem... se qualquer um tivesse acreditado nele... talvez ele fosse outro, talvez não fosse Timo Cruz, talvez fosse um bom aluno, talvez fosse um bom filho, um bom amigo, uma boa pessoa. Talvez. Mas o primo logo chegou. E como talvez não é certeza, Timo Cruz pegou com ele a encomenda e saiu a vagar pela noite escura, perdido, triste e só.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Muito mais do que literatura
Em breve mais textos!
Fui!
quinta-feira, 2 de julho de 2009
volume 1:
http://clubedeautores.com.br/book/2883--Delirios_de_um_maluco_sadio
volume 2:
http://clubedeautores.com.br/book/2884--Delirios_de_um_maluco_sadio
O site pelo qual estou publicando é o clube de autores (www.clubedeautores.com.br) e é interessante para quem quer publicar, pois ele não cobra nenhuma taxa. Quem quiser se informar mais é só usar o link acima.
E muito em breve um colega escritor também estará publicando um livro pelo mesmo site! O nome dele é Jurandir Rodrigues e vocês podem encontrar o link do blog dele no menu no lado direito do blog. Vale a penas conferir!
Bom, obrigado pelo apoio pessoal! Consegui realizar este sonho graças a ajuda e incentivo do Jurandir, da minha família, da Fernanda e de vocês, meus leitores! Muito obrigado!
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Por uma gramática simples
O intuito dele é solucionar dúvidas de gramática da norma padrão do português e discorrer sobre algumas curiosidades acerca da origem das palavras de nossa tão bela língua. Por enquanto consta no blog apenas um post sobre Fonética e Fonologia e um outro sobre as mudanças que vão ocorrer com a reforma ortográfica. Espero que esse novo blog venha a ajudar muitos de vocês!
O maluco sadio
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Fabiano
Então, seguia em frente. Atravessou a rua, dobrou uma esquina, entrou em uma viela, pisou em um buraco fundo cheio d'água... ficou bravo e continuou andando. Que mais faria? Andar, andar, era tudo o que sabia fazer. Era preciso seguir em frente, mesmo sujo de água de rua, mesmo desempregado, pobre, miserável... era preciso seguir em frente. E seguia, como um boi, trôpego retirante.
Um carro! Que susto, precisava parar de pensar e prestar atenção no caminho. Parar de pensar. Afinal, pra que pensar? Ele pensou e planejou sua vida, lutou por ela, correu atras do que lhe pertencia, e o que conseguiu? Um barraco, umas migalhas de pão que não alimentam corvos, muito menos sua esposa e filhos. Ele pensou... e foi esse o resultado. Não tinha trabalhado e se empenhado tanto para acabar miserável. O que será que deu errado no meio do caminho? Não achou resposta para essa pergunta. Talvez nada tivesse dado errado. Talvez... mas talvez não é certo, e o que não é certo é dor. Talvez não... não era dor, não era nada.
Finalmente chegou à padaria. Tirou o cobre do bolso, pediu os pães e o leite. “Obrigado, boa tarde.”. Por que as pessoas dizem essas coisas? Obrigado... obrigado por que? Por nada. Apenas por formalidade, nada mais. Um obrigado seco, morto, cinza. Aliás, tudo na vida parecia formalidade. Tudo cinza. E parecia que ia chover. Saiu da padaria e se apressou para voltar para casa. Um pingo. Dois pingos. E aí a coisa desandou. Como se já não bastasse o estado de espírito em que se encontrava, agora tomava chuva e os pãezinhos, quentinhos, se ensopavam. A esposa não ia ficar contente. Parece que só coisa ruim acontece com pobre. É, assim é a vida. Passa por cima da gente. Esmaga, destrói, queima... mas não mata. Deixa ali, para os urubus. É assim com todo mundo. Todos estamos entregues aos urubus.
Chegou na rua de casa. Viu o barraco, pensou se queria mesmo entrar. Coragem homem! Abriu a porta e entrou.
domingo, 2 de novembro de 2008
Rosa dos ventos
O preto se fez branco, mas um branco morto, que se tornou, mais uma vez, em cinza. E veio o vento e levou o cinza, e o trouxe de volta e o levou novamente.
E assim voltamos ao ponto de partida. Seguimos para o Leste, para o Oeste, mudamos de rumo para o Norte e para o Sul e cá estamos novamente.
Um volta em círculos, como toda discussão e todo pensamento e toda filosofia. Sem parágrafo, ou vírgula, ou ponto final. Muito menos reticências. Acaba assim, sem mais nem menos, sem um nem outro, sem preto, branco ou cinza, com o vento somente.
E essa rosa dos ventos que seguimos, jogo-a fora. E quando ela é lançada ao ar pelas minhas mãos, vejo que a rosa dos ventos não é rosa, é vento. E então ela voa e vai e some, como todo vento, como toda filosofia, como todo pensamento, como toda discussão. Como o homem, que é vento, que voa, que cai, que se levanta, que vai, que volta, que morre e que, por fim, some. E assim acaba, com o vento. Somente o vento.
Então, adeus leitor, que agora vou como devo ir: Voando.